quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

HOMENAGEM AOS BICHANOS


ODE AO GATO – Artur da Távola


Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mais inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência.


O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis. Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive à custa dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso" porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês.



Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem.Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago.

A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.


O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode, ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele" não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.


O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluídos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é medium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado.


O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção.


Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato! Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.


O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.

O gato é uma chance de interiorização e sabedoria, posta pelo mistério à disposição do homem."



SISU, ENEM, ENADE...qual a próxima trapalhada??



Muito barulho, por nada!! Mais uma vez...só trapalhada! Quando é que se vai falar sério e tratar do assunto educação com o afinco que merece?
Se o assunto é educação ou saúde...pode deixar pra depois...negligência pura!
Para que todos estes instrumentos à disposição para se medir qualidade, se nenhum funciona? Pra que gastar tanto com algo que não traz resultados?
É vergonhoso, desgastante...o governo não consegue organizar nada de maneira decente referente à educação. Sempre dá problema, trapalhada, fraude...
Quando isso vai parar?
Sem educação um país, uma nação não tem história, não tem valor, não tem referencial.
Claro que sabemos que a falta da educação é proposital, é conveniente. Povo ignorante é povo sob controle, fácil de ludibriar.
Eles não querem trabalho. Educação e conhecimento fazem a gente pensar, raciocinar, indagar. E gente que pensa dá um trabalho!!
E então...aguardemos a próxima palhaçada!!??

Amar, by Mario Quintana


Amar, nunca me coube
Mas sempre transbordou
O rio de lembranças
Que um dia me afogou

E nesta correnteza
Fiquei a navegar
Embora, com certeza,
Não possa me salvar

Amar nunca me trouxe
Completo esquecimento
Mas antes me somou
Ao antigo tormento

E assim, cada vez mais,
Me prendo neste nó
E cada grito meu
Parece ser maior

MEU MOMENTO



Pra rua me levar – Ana Carolina

Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você

É mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar

SÃO MUITAS EMOÇÕES...


As emoções...todos nós seres humanos as experimentamos...sem dúvida. Boas, más, positivas, negativas...mas, sem pestanejar...todos nós, necessariamente, as sentiremos. Temos que aprender a lidar com elas, para que não nos tornemos escravos dela. Não controlarmos totalmente...porque senão deixaremos de sentir lindas e valorosas emoções. Mas, temos que ter consciência do por que está sentindo isso ou aquilo; dá onde surgiu tal emoção, para que possamos nos entender e crescermos, e cada vez mais, tornarmo-nos humanos melhores. Este texto que extrai do site www.somostodosum.com.br nos dá uma ótima idéia do que as emoções fazem, e só cabe a nós manuseá-las para que sempre deixem ou ótimas lições ou lindas recordações.


A SOMBRA DAS EMOÇÕES
por Hellen Katiuscia de Sá - hellenkatiuscia@gmail.com

Desde que nascemos estamos sujeitos a experiências que nos farão crescer como indivíduos. A sensação de fome que o bebê sente o motiva a chorar em busca de auxilio e alimento. Nisso a criança atina que a solução para aquele problema (sanar a fome) é chorar.

Todavia, não podemos permanecer nesse estágio para sempre. Esse recurso é inerente à idade mental do indivíduo. Após alguns anos a criança começa a compreender o estado das coisas e com isso vêm as responsabilidades de seus atos e emoções exteriorizadas.

À medida em que crescemos a nossa compreensão da vida vai formando uma espécie de dossiê em nossa mente. Esse dossiê é escrito pelos nossos condicionamentos racionais e emocionais originados em dadas situações que vivenciamos. O grande desafio é saber absorver as situações sem adquirir traumas psicológicos por algum sentimento cristalizado em nosso inconsciente.

Uma educação muito severa transforma o ser humano em uma espécie de animal adestrado. Sendo um eterno vigilante de seus pensamentos e atos, dificilmente será um individuo pleno, espontâneo, pois aprendeu desde cedo apenas parecer e não ser o que realmente é.

De certa forma a vigilância de nossas vontades é benéfica para o bom andamento da vida em sociedade e para nossa própria saúde mental/espiritual. Porém, a partir do momento em que nos anulamos perante o exterior, tolhendo nossas emoções, fingindo algo para ser “aceito”, estamos sendo uma sombra de nossos sentimentos represados. E essa sombra será causadora de doenças psicossomáticas.

Simplificando: quando não extravasamos nossos sentimentos (seja de raiva, alegria, tristeza, remorso, etc), somatizamos nossas emoções. Somatizar significa que nossos sentimentos genuínos (emoções incorruptíveis) acumularam-se além do normal em nossa psique. O que acontece quando o copo está cheio além da conta? Transborda... E nesse transbordar os sentimentos somatizados buscam uma maneira de alertar o indivíduo de que algo não vai bem, que a rigidez de nossos (pré)conceitos não condiz com aquilo que verdadeiramente gostaríamos de ser. A conexão corpo e mente está incoerente porisso gera conflitos, acarretando doenças. O desequilíbrio das emoções apresenta-se freqüentemente como referência para o quadro clínico do paciente.

O processo de absorção e repressão de sentimentos genuínos depende muito da história de vida de cada individuo e de sua inteligência emocional. Cabe a cada um observar-se e procurar a origem de suas angústias. Normalmente pessoas que sofrem muito com doenças psicossomáticas têm dificuldades em lidar com as emoções. É muito freqüente negarem (inconscientemente) estar sentindo algo por medo ou repressão severa que sofreram, em muitos casos, na infância.

A maioria das pessoas que apresenta o quadro clínico de doença psicossomática não sabe ou não tem conexão com a emoção que desencadeou o processo de enfermidade. Isso acontece devido ao trauma deixado pela situação-base da emoção somatizada. Às vezes, passam-se anos até que o organismo apresente alguma(s) doença(s), de indivíduo para indivíduo.

Os casos mais conhecidos como enfermidades psicossomáticas na fase adulta são stress, distúrbios respiratórios (asma, renite nervosa, por exemplo); fobias; ansiedade ou depressão ocasionando alteração do sono; distúrbios alimentares, dentre outros. Na fase infantil temos ainda: asma; medos; dores abdominais; cefaléia e gagueira, são alguns.

O correto seria que o indivíduo fosse tratar da doença indo ao médico e também tivesse um acompanhamento psicológico para vasculhar seu interior e encontrar a raiz do problema para atacá-lo de frente. Toda enfermidade física advém de um (ou mais) desequilíbrio emocional. Não basta apenas curar a doença em si, sem fazer um balanço geral nos sentimentos e na forma com que estamos lidando com ela. Corpo, mente e emoções, a priori, devem estar em harmonia para levarmos uma vida saudável.

Hellen Katiuscia de Sá - 24 de agosto de 2005
por Hellen Katiuscia de Sá - hellenkatiuscia@gmail.com